Gente da história de Londrina

Tomi Nakagawa

Foto: Japão 100

Foto: Japão 100

Com apenas 1 ano e 8 meses, a pequena Tomi Nakagawa embarcou com os pais, Mitsuji e Kiyo Nishimura, e as irmãs, Koto e Tomo, navio Kasato Maru, rumo ao Brasil, em 28 de abril de 1908. Natural de Tamana, Província de Kumamoto, os Nishimura foram encaminhados para as lavouras de café da fazenda Santos Dumont, na região de Ribeirão Preto (SP).

Após cinco anos sem acumular grandes resultados, a família se mudou para São Paulo, onde Mitsuji começou a trabalhar como marceneiro e Kiyo conseguiu um emprego em uma fábrica de tecelagem. Nessa época, com o nascimento de Mitsuo, Mitsuyoshi e Mitsuyuki, a família de Tomi aumentara para oito pessoas.

Em 1918, a convite de Shuhei Uetsuka, representante da Companhia Imperial de Colonização (empresa responsável por conduzir os imigrantes a seus locais de trabalho), todos se mudaram para o município de Promissão (oeste paulista), onde fundaram uma colônia japonesa. Uetsuka, considerado o pai da imigração no Brasil, foi vizinho dos Nishimura por muitos anos.

Porém, como a plantação de milho e feijão não vingou, Kiyo e Mitsuji resolveram voltar para o Japão, levando os dois filhos homens mais velhos, em 1928. No mesmo ano, Tomi se casou com Massagi Nakagawa e adotou o sobrenome do marido. Tiveram oito filhos e moraram, além de Promissão, em Marília (SP), Cambé (PR) e Londrina (PR).

Em entrevista para a Revista Formas e Meio em  06/07/2005 Tomi Nakagawa fez o seguinte relato: “Vivi a maior parte da vida sempre em sítios e fazendas. Trabalhava todos os dias, menos aos domingos. Na venda, quando queriam algo, eles apontavam com o dedo. Um dia, um japonês ficou irritado com o “vendeiro”, que não entendia nada do que ele falava. Xingou o homem de bakayaroo (bobo). O “vendeiro” entendeu que o japonês queria bacalhau! Então, o japonês levou o bacalhau para casa e contou para os amigos que, quando quisessem comprar aquele peixe salgado, era para xingar o “vendeiro”,
“Como todos os japoneses, meus pais foram com esperanças de trabalhar bastante para ficar ricos logo e voltar para o Japão. O Kasato Maru saiu do porto de Kobe e levou 52 dias para chegar ao Brasil. Levava as bandeiras do Japão e do Brasil hasteadas e cada passageiro tinha uma bandeira do Japão.”
“Meus pais trabalhavam de escuro a escuro. Apesar disso, colhiam pouco porque não tinham prática de colher café. As mãos ficavam doloridas, inchadas e esfoladas, pois na época não havia luvas, mas eles precisavam continuar o trabalho até o sol se esconder, até que não desse para enxergar mais nada. Todo mundo trabalhava muito, mas ainda assim o dinheiro mal dava para a comida. Quando me lembro dessa época, choro muito. Foi muito duro”.

Tomi gostava de assistir televisão, passear, cantar (em português e japonês), acompanhar undokais (gincana esportiva) na Associação Cultural e Esportiva de Londrina (Acel) e chegou a praticar gateball. “Mantemos algumas tradições até hoje: religião, os costumes do Ano Novo e outras celebrações”, conta Kiyoshi.

Tomi voltou ao Japão duas vezes: para encontrar um dos irmãos, em 1960, e para cuidar da saúde do marido, que acabou falecendo no arquipélago em 1980. Às vésperas de seu 100º aniversário, faleceu enquanto dormia em casa, no dia 11 de outubro de 2006 – seu aniversário seria no dia 15. Deixou 30 netos, 37 bisnetos e três tataranetos.

Fontes: Japão 100 e Revista Forma e Meio

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